Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

O ex-presidente Jair Bolsonaro sempre adotou uma estratégia política calculada. Manteve esse método antes de chegar à Presidência, preservou-o durante o exercício do mandato e, após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva, promoveu ajustes na condução de seu processo político.
Na eleição de 2018, Bolsonaro venceu Fernando Haddad no segundo turno. Naquele pleito, o ex-presidente acompanhou de perto a estratégia adotada por Lula, o petista mesmo diante de severas adversidades, não abriu mão de seu capital político e nem o transferiu a qualquer outro nome do campo da esquerda.
Oito anos depois, os papéis se inverteram: agora, é Bolsonaro quem enfrenta obstáculos e, tudo indica que também não pretende ceder seu patrimônio político a outro nome da direita.
Lula, mesmo sendo derrotado quando lançou Haddad, conseguiu manter viva a chama do petismo. Bolsonaro, por sua vez, sinaliza que poderá lançar um nome de sua própria família. Ainda que o escolhido não alcance a vitória presidencial, o objetivo central é consolidar maioria no Senado.
A estratégia bolsonarista deve impactar diretamente vários estados da federação, entre eles o Ceará. Com viagem marcada para participar de um seminário do Partido Liberal em território cearense, Bolsonaro deve detalhar os planos da legenda para 2026.
Entre as prioridades estão a disputa por uma vaga no Senado e a preservação do capital político do bolsonarismo, a ideia é não entregar a centro-direita, tampouco ao campo da esquerda. Trata-se de uma questão de sobrevivência política futura para o ex-presidente.
No Ceará, a tentativa de fortalecimento do bolsonarismo e a busca por espaço no Senado podem afetar diretamente a formação de uma candidatura única ao governo estadual, sobretudo, com a presença de nomes como o do ex-prefeito Roberto Cláudio e, mais recentemente, do ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes.
Caso haja uma aliança definitiva entre Ciro e Bolsonaro, a composição da oposição poderá se tornar mais viável. Caso contrário, o PL liderado por André Fernandes deverá manter sua linha ideológica de confronto direto ao PT, apostando na polarização, enquanto uma eventual terceira via buscará se sustentar de forma independente.
O Partido dos Trabalhadores, por sua vez, também buscará conter o avanço do bolsonarismo no Senado por meio de alianças com partidos de centro-direita, ao o que Bolsonaro trabalhará para consolidar um bloco de confiança ideológica. A ausência de fidelidade em votações no Congresso Nacional tem sido um entrave relevante para o ex-presidente, e ele tende a valorizar nomes comprometidos com sua pauta.
A visita de Jair Bolsonaro ao Ceará poderá ser determinante para esclarecer a maior incógnita do próximo pleito estadual no campo da oposição: o ex-presidente abrirá mão de seu capital político em nome de uma composição estratégica rumo ao Senado, ou assumirá todos os riscos apostando em uma candidatura alinhada exclusivamente com sua base ideológica, independentemente do resultado?
Com a palavra, Jair Bolsonaro…