Realizada em uma casa noturna na Vila Olímpia, zona sul da capital paulista, a cerimônia contou com cerca de mil pessoas e presença de representantes de partidos como União Brasil, PSD, Podemos e até mesmo do PL. Entretanto, chamou a atenção a ausência de parlamentares bolsonaristas, muitos dos quais não foram sequer convidados para o evento.
Segundo apuração da Folha de S.Paulo, o boicote foi deliberado. A avaliação entre bolsonaristas é que o ato funcionou como um palanque informal para Tarcísio de Freitas, cuja figura tem ganhado força entre partidos de centro-direita como possível alternativa ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que segue inelegível por decisão da Justiça Eleitoral.
A insatisfação do grupo mais fiel ao bolsonarismo se intensificou diante do silêncio de Tarcísio e Derrite sobre pautas sensíveis à base bolsonarista, como a defesa da anistia aos presos do 8 de Janeiro e críticas à inelegibilidade de Bolsonaro. A expectativa do núcleo mais duro era de que esses temas fossem tratados no discurso do governador, o que não ocorreu.
O episódio mostra que o clima não anda muito amistoso entre aliados de Bolsonaro e setores da centro-direita que se movimentam para articular um novo projeto político com vistas à sucessão presidencial de 2026. Duas semanas antes, o mesmo grupo bolsonarista já havia manifestado desconforto com a articulação do ex-presidente Michel Temer (MDB), que propôs a criação de uma frente de governadores de centro-direita sem a presença de Bolsonaro.
Nos bastidores, o movimento é visto como um sinal de que parte da direita tradicional já considera encerrar a aposta na reversão da inelegibilidade de Bolsonaro e começa a construir novas alternativas para a disputa presidencial que se aproxima.