O evento deu poderes para a Executiva do partido negociar a elaboração do novo estatuto e programa partidário, mas ainda há uma divergência entre os dois partidos sobre quem comandará a sigla.
O Podemos reivindica a presidência para a deputada Renata Abreu (Pode-SP), por ser maior do que o PSDB atualmente. Já os tucanos querem convencê-la a fazer um rodízio nas funções, com cada grupo assumindo o comando por seis meses até a eleição municipal.
Esses pontos serão negociados ao longo do próximo mês, enquanto os novos programa e estatuto são elaborados.
A expectativa é dar entrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o pedido em julho e receber o aval até setembro ou outubro. Após isso, os dirigentes querem negociar também uma federação com outros partidos, como o Solidariedade.
Nesta quinta-feira, os dirigentes nacionais do PSDB aprovaram a fusão por 201 votos a 2. Também concederam poderes para a Executiva negociar os trâmites finais, por 199 votos a 4.
Embora seja tratada como uma fusão pelo simbolismo, na prática haverá uma incorporação do Podemos pelos tucanos para evitar punições pelo rompimento antecipado da federação com o Cidadania.
O novo partido se chamará provisoriamente PSDB+Podemos, provavelmente até a eleição nacional. O nome definitivo deve ser decidido após pesquisas e consulta aos filiados.
A sigla nasce com pretensões nacionais, mas sem um nome forte para concorrer à Presidência. O mais cotado, até então, era o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, mas ele preferiu se desfiliar em maio e entrar no PSD, ainda com o discurso de que poderá concorrer à Presidência.
Aliada de Leite, a ex-prefeita de Pelotas Paula Mascarenhas (PSDB) participou da convenção e votou a favor da aliança com o Podemos.
O PSDB também perdeu a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, para o PSD, e vê investidas de outros partidos sobre o seu último governador. Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) participou por videoconferência e declarou que “apoia integralmente” a fusão.
A fusão ocorre após a legenda praticamente definhar após ver seus principais líderes atingidos pela operação Lava Jato e pelo surgimento do bolsonarismo.
O PSDB chegou a eleger 99 deputados federais e sete governadores em 1998, além de contar com 16 senadores. Na eleição nacional ada, sequer lançou candidatura própria para a Presidência e elegeu apenas 13 deputados federais, três governadores e nenhum senador. Em 2024, teve sua pior eleição municipal da história.
Já o Podemos ganhou esse nome sob a presidência da deputada Renata Abreu, cujo pai foi fundador do então Partido Trabalhista Nacional. A sigla tentou lançar a candidatura do ex-juiz Sergio Moro em 2022, mas rompeu com ele antes da disputa.
A convenção do PSDB ocorreu de forma híbrida, com parte dos filiados votando pela internet, e em tom saudosista, com lembrança de programas do governo FHC, como a Lei de Responsabilidade Fiscal e os medicamentos genéricos.
Presidente do PSDB, Marconi Perillo afirmou que o objetivo é “voltar a ser o grande protagonista nacional” e lançou um novo mote para o partido, que costuma ser criticado pelos adversários e até internamente por ficar “em cima do muro”, sem tomar posição.
O slogan “radical no que importa” foi reproduzido em bonés amarelos e azuis distribuídos no evento.
“O PSDB vai radicalizar sim, contra a falta de responsabilidade social do governo lulopetista. Vai radicalizar contra a possibilidade de volta da inflação, que é um flagelo que o PSDB resolveu, contra a insegurança”, disse Perillo.
O deputado Aécio Neves (MG) defendeu que o partido se fortalece com a fusão para contrapor o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Estamos construindo alternativa de centro para o Brasil, assim como fizemos há 37 anos [com a criação do PSDB]”, disse./Folha SP
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